Ninjutsu - A Arte de Vingar

              

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Para meu irmão

e amigo, Anderson Luiz

de Faria Nunes, por quem

 tenho incrível admiração.

 

 

 

 

 

 

 

                                                Meu nome é Alberto Soares Nakamura. Sou filho de Kazunari Rickyo Nakamura e Eliza Costa Soares Nakamura. O nome de solteira de minha mãe é Eliza Costa Soares. Ela optou por não tirar o sobremone de minha avó. Nasci em São Paulo, terra da garoa. Sou nissei, portanto, filho de japonês nascido no Brasil. Meu pai morreu quando eu tinha nove anos de idade. Foi assassinado, mas os homens que o silenciaram fizeram parecer um acidente de automóvel. Eu estava na academia praticando Karatê quando seguranças de minha mãe chegaram, praticamente me arrastando. Havia mais ou menos um ano que estavamos residindo no Rio de Janeiro, no bairro do Leblom. Eu ainda não me adaptara àquele Estado. Sofria com o preconceito duplo. Por ser paulista e ter traços orientais. Estavamos lá contra a vontade minha e de minha mãe. Ela também odiava morar lá, não sei por quais motivos. Me empurraram pra dentro do carro e percebi que algo ruim estava acontecendo. Perguntei e repeti a pergunta várias vezes mas eles preferiram se calar. Ao chegar a cobertura onde morávamos, corri de encontro a minha mãe que estava chorando e automaticamente chorei com ela, apesar de ainda não saber o por quê. Ela me abraçou e soluçando foi direto ao assunto.

- Meu amor... Seu paizinho foi para o céu. Deus o chamou. Não fique triste. Ele está melhor do que nós.

Parei de chorar imediatamente. Minha mãe olhou pra mim e engoliu o soluço. Ficou surpresa com a minha expressão. Era óbvio que estava em estado de choque. Gritou pelos seguranças, que me pegaram pelo braço e me atiraram de volta ao carro, desta vez na companhia dela. Fui parar numa clínica onde me lembro de ter recebido uma injeção não sei de quê que me fez adormecer quase que imediatamente. Acordei no dia seguinte com um gosto amargo na boca, meio zonzo e demorei pra me lembrar do que havia ocorrido. Quando a memória finalmente me voltou, custei a acreditar no que estava acontecendo. Chamei por minha mãe e ela, que já aparentava conformação, confirmou tudo. Tentei chorar novamente mas não consegui. Estava sob efeito de algum calmante. A tristeza caiu sobre mim. Meu pai era meu ícone. Minha mãe me disse que eu devia ser forte. Devia me comportar como adulto antes do tempo. Não me disse do que ele havia falecido nem quando seria o enterro. À noite, fiquei sabendo pela minha avó que meu pai havia sido sepultado naquele mesmo dia. Ninguém me levou para que eu pudesse me despedir. Meu pai enriquecera após fundar uma empresa de importação em São Paulo nos anos sessenta. No princípio, a Vênera era uma firmazinha de terceira, mas meu pai teve habilidade para tocar o negócio e em alguns anos prosperou. Nos mudamos pro Rio de Janeiro quando ela começou a se expandir. Meu pai abrira uma filial em Ipanema e fez questão de organizá-la. Foi neste momento que minha mãe disse-lhe que havia necessidade de arrumar um sócio para tocar o negócio em São Paulo. Não deveria deixar a matriz nas mãos do gerente. Meu pai relutou. Disse a ela que Yoshi era homem de confiança absoluta e possuia vasto conhecimento no ramo. Minha mãe disse-lhe que Augusto, primo dela, havia chegado da Europa com diploma de adminstração de empresas e portanto tinha gabarito para tocar tudo por lá. Possuia algum dinheiro para ivestir e logo meu pai estava providenciando uma alteração contratual admitindo-lhe com dez por cento. Com amorte de meu pai, minha mãe assumiu a filial e Augusto continuou a tocar a matriz em São Paulo. Com o passar do anos, presenciei várias discussões entre minha mãe e Augusto, geralmente pelo telefone, ou nos fins de semana, quando ele vinha a nossa cidade, ou vice-versa. Todos os fins de semana minha mãe e Augusto se encontravam, contra a minha vontade, principalmente porque sempre discutiam, e, apesar de ela ter as rédeas da empresa nas mãos, a impressão era a oposta. Ficava claro pra mim que quem dava as ordens era ele. Eu achava estranho porque ele jamais me encarava nos olhos. Eu odiava aquele homem. Sua voz me irritava tremendamente. Quando completei treze anos de idade, minha mãe me contou algo que eu já sabia.

- Você já é um rapaz, portanto, deve saber... Eu e Augusto nos relacionamos como homem e mulher.

Eu os havia visto se beijando em nosso sitio em Petrópolis um ano antes. Não comentei nada com minha mãe na ocasião e fingi indiferença quando ela me contou.

 

 

Esta foi somente uma prévia. Em breve estarei postando aqui o restante da obra. Obrigado por sua visita. Ela é muito importante pra mim.