Interurbano Macabro

              

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Texto Autor Interurbano
 


 

                                                      Vou contar a história da experiência mais estranha e traumática que já tive em minha vida. Sei que provavelmente não irão acreditar, mas começou há onze anos atrás, assim que retornei de um feriado prolongado em Barra de São João. Meu melhor amigo, Maciel, havia me convidado para ir pra sua casa de veraneio na região dos lagos. Foi muito bom, mas já era hora de retornar. Era domingo e Maciel vinha dirigindo seu Del Rey. Estávamos somente eu, na época com dezessete anos, Maciel e a esposa dele, Kátia, ambos com trinta e seis anos de idade dentro do carro. Apesar de nossa diferença etária, Maciel era meu melhor amigo. Passávamos horas jogando escopa no apartamento dele, que ficava exatamente acima do de minha mãe, no primeiro andar do prédio. Minha mãe resolveu alugar o apartamento no térreo porque sofria de artrose. Chegamos quase no fim da tarde. Fiquei no térreo, enquanto Maciel e Kátia subiram para o apartamento deles. Ao entrar, percebi que mãe não estava, pois o silencio imperava. Se estivesse em casa, a televisão estaria ligada quase no volume máximo, pois não sofria somente de artrose, mas também de pouca audição. Ia passando direto pela sala de estar para abrir a geladeira e tomar um copo de leite gelado, mas fui impelido a me sentar ao lado do telefone, como para esperar uma ligação. Não sei o que me fez tomar aquela atitude, mas fiquei realmente surpreso ao ouvi-lo tocar dois segundos após.

  • Alô...?

  • Maurício, você chegou bem, meu filho?

  • Sim, mãe. Onde a senhora está?

  • Na casa da sua avó. Vou pegar um táxi e em quarenta minutos estou aí pra preparar a janta, está bem?

  • Tudo bem, mãe. Mande um beijão pra minha avó.

Imaginei ter sido aquilo uma grande coincidência e esqueci logo. Quando minha mãe chegou, aparentava cansaço.

  • O que a senhora tem?

  • Nada, meu filho, é só a fadiga de sempre. Vou temperar o carré pra nós comermos.

  • Não, mãe. Deixe pra amanhã. Vamos pedir uma pizza.

  • Mas e se demorar, meu filho? Você deve estar faminto.

  • Vamos fazer melhor. Vamos comer a pizza neste restaurante aqui da esquina.

Saímos pela porta e rapidamente chegamos ao tal restaurante. Morávamos em Laranjeiras nessa época. Pedimos uma média, de calabresa, e logo voltamos pra casa. Ao entrar, senti novamente aquele estranho impulso de me sentar ao lado do telefone. Parecia ter certeza de que tocaria, o que de fato aconteceu.

  • Alô.

  • Como você está, meu neto? A viagem foi boa?

  • Foi sim, avozinha.

  • Só estou ligando pra saber se sua mãe chegou bem.

  • Sim. Estamos bem. Acabamos de jantar uma pizza.

  • Está bem, então. Fiquem com Deus e até amanhã.

Desliguei o telefone, mas não comentei o ocorrido com minha mãe. Ela teria ficado preocupada demais. Fiquei vários minutos pensando naquele estranho fenômeno. Torci para que não acontecesse novamente. Estava assustado demais e demorei pra pegar no sono naquela noite. Acordei na manhã seguinte, após sonhar com o telefone tocando. Pensei que havia ficado impressionado com as duas ligações do dia anterior e comecei a rir de mim mesmo, mas parei, quando o ouvi tocar uma vez mais. Será que o sonho era um aviso de que tocaria? Ouvi, de meu quarto, que minha mãe havia atendido a ligação. Ela entrou no meu quarto, minutos depois, me avisando que Thamíris, minha namorada, estava vindo se encontrar comigo. Ela era linda e tinha quinze anos na época. Namorávamos havia quase seis meses e havíamos nos conhecido na escola, pois éramos da mesma turma. Eu sabia que ela estava vindo para fazermos o trabalho de pesquisa que entregaríamos na quarta-feira, mas minha cabeça estava muito deturpada por causa daquele maldito telefone.

 

Em breve estarei postando aqui o restante da obra. Por favor, aguarde. Obrigado pela visita. Esta é somente uma prévia do livro.