Guerreiros do Mundo Distante

              

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Prólogo





                                  Em 2023, a ozonosfera ou camada de ozônio já havia sofrido dano irrecuperável. Sobre a antártida, um rombo gigantesco impedia a filtragem dos raios ulta violeta, o que ocasionou o degelo de blocos, iniciando uma ininterrupta elevação no nível dos oceanos. Ilhas ficaram submersas. Cidades litorâneas desapareceram sob a água do mar. Este fenômeno, somado a outros como o efeito estufa e o aquecimento global, levaram os cientistas e ecologistas a desenganar a continuidade da vida no planeta Terra. Nesta mesma ocasião, gênios europeus anunciaram ter descoberto um planeta distante com as características do nosso e meses depois, surgiram rumores de que naves tripuladas levariam tantos quantos pudessem custear sua construção. Em 2025, o protótipo ficou pronto. O clima no planeta parecia ter enlouquecido. Tornados eram avistados a todo momento, mesmo em países tropicais. A devastação aumentava a cada dia. O pavor era sentido em todo canto do mundo. A primeira aeronave, batizada Hope Spark, como ficou claro mais tarde, foi usada para transportar cobaias humanas, uma vez que os milionários europeus se recusaram a viajar nela. Eles queriam ter certezas e garantias de que tudo daria certo. Sendo assim, como houve negativa por parte também de outras nações ricas, um tratado decretou que os primeiros a ir para a colônia seriam alguns ricaços da América do Sul. Os responsáveis pela construção da máquina colossal foram bem claros. Eles deveriam embarcar no protótipo ou morrer com o planeta. Não haveria segunda chamada. Assim foi imposto e assim foi feito. Trezentos e vinte e cinco brasileiros, cento e setenta argentinos, cento e vinte e três peruanos, noventa e dois colombianos, cinqüenta e sete venezuelanos, dezessete equatorianos, nove chilenos, sete uruguaios e três tripulantes franceses embarcaram na tarde de vinte e sete de janeiro de 2026 partindo da base espaçonauta de Perigueux, na França. A chegada ao mundo distante estava prevista para três meses e meio após e a base permaneceu em contato com os tripulantes durante os dois primeiros meses. Após este período, o sinal foi perdido. Com quase duas semanas de atraso, quando o capitão da embarcação já perdia as esperanças de ter combustível suficiente para chegar ao destino e depois ainda retornar, a imensa aeronave pousou em solo desconhecido. Foi necessário sobrevoar oitenta e cinco por cento do território daquele planeta desconhecido até encontrar terra firme, onde finalmente desceram com segurança. Se no planeta Terra o percentual de água era de aproximadamente setenta porcento, ali era de no mínimo noventa e cinco porcento. Do alto, os pilotos puderam perceber que a extensão de terra naquele mundo se limitava a três ilhas de grande porte, próximas umas das outras. Os tripulantes ajudaram os passageiros a desembarcar os poucos pertences que lhes foram autorizados levar consigo e permaneceram no local, observando enquanto descansavam, por mais três dias. Puderam ver aqueles homens, mulheres e crianças, unidos pela fé e pela esperança, derrubar árvores e delas construir moradias, a principio, de total improviso. Os colonos passaram a fazer listas e listas de material que precisariam para facilitar seu trabalho naquele lugar e entregaram ao piloto e ao co-piloto, na certeza de que trariam consigo na próxima viagem. Seis meses se passaram e nenhum sinal de outras naves. Um ano se passou e nada. Após três anos sem sinal de novos colonos, a esperança de que veriam outros remanescentes de seu planeta natal se diluiu. Jamais souberam o que aconteceu. Talvez a nave Hope Spark não tenha conseguido voltar pra Terra e os inventores chegaram a conclusão de que não era segura. Talvez o planeta tenha sido destruído antes de terem a oportunidade de embarcar. Talvez tenham achado um meio de reverter a situação crítica. Talvez tenham achado um outro planeta com melhores perspectivas. Nunca se saberá. A verdade está a anos luz de distancia. Enfrentando todo tipo de dificuldades, praticamente tendo voltado a idade da pedra polida, os seres humanos daquele longínquo planeta se viravam da maneira que podiam. Sua alimentação era extraída quase que puramente do plantio. Quarenta por cento por parte de sementes ou brotos trazidos da Terra e o outro restante de frutas e plantas nativas. Animais, pelo que tinham conhecimento, só existiam duas espécies, pelo menos em terra, e em cada ilha, possuíam diferenças marcantes, como nas ilhas galápagos. Ficara óbvio que centenas ou milhares de anos antes, as três ilhas eram somente uma e que ao se separar, aqueles animais evoluíram de maneira diferente. As duas espécies, se fosse necessário comparar com animais terrestres, se tratavam de suínos e equinos. Os suínos das três ilhas, com o passar dos anos, foram chamados de corrincos, malhotes e porengos. As três ilhas foram sendo colonizadas e nomeadas. A maior delas, onde a nave pousou e por este motivo onde havia maior número de colonos, se chamava Kory. As outras duas, Hivewind e Alvoraz. Hivewind levou este nome graças a um lunático que amarrou junto ao topo de sua cabana uma placa de metal vindo da Terra que trazia a marca Hivewind em alto relevo. Outrora, ela foi uma fabricante de chapas de metal galvanizado. Todos que adentravam aquela vila se deparavam com a tal chapa brilhando ao sol, o que, no fim, acabou por gerar o nome de uma ilha nação. Kory era o nome de um colono que praticamente fundou o povoado na ilha que levou seu nome, e Alvoraz era o sobrenome de um colono que se tornou zelador do vilarejo mais importante da ilha que pegou seu nome emprestado. Mais tarde, ele se tornou lider do conselho tribal. Os suínos corrincos, nativos de Alvoraz, eram grandes, gordos, lentos e desprovidos de pelos. Se alimentavam de vegetais e tubérculos como todos os outros. Os malhotes, nativos de Hivewind, eram de estatura média, malhados, ágeis e agressivos. Já os Porengos eram os menores de todos, porém de pelos compridos e acinzentados. Os humanos descobriram seu paladar desde o principio e por isso passaram a criá-los em cativeiro. Após engordá-los, iam para a panela. Os que viviam nas florestas não tinham sorte maior do que os domesticados. Tratavam-se da única e exclusiva alimentação dos “cavalos” daquele mundo estranho. Ao contrário dos equinos do planeta Terra, aquela era uma espécie carnívora. Os seres humanos levaram décadas para domestica-los e usá-los como montaria. Ainda assim, quatrocentos anos depois de sua chegada, mortes causadas pelo ataque dessas criaturas continuavam acontecendo, vez ou outra. Para ser mais exato, quatrocentos e trinta e nove anos. Agora, cada ilha é uma nação independente. Algumas guerras ocorreram no passar dos séculos, sempre por causa de controle, mas agora tudo estava definido e os países viviam tempos de paz. Cada país possuía sua capital, onde viviam os “supremos”, que era nada mais nem nada menos que a substituição da expressão rei terráquea. Os “supremos” andavam com cetros ao invés de coroas. O cetro era o símbolo do poder máximo. Seus ministros eram denominados “encarregados”. Em Alvoraz e Kory, haviam fortes rumores de que Trói, “supremo” de Hivewind, havia se tornado um ditador. Enquanto Kory e Alvoraz possuíam governos serenos, voltados para o povo, Hivewind amargava oprimida. Boatos de que Trói ordenava execuções diárias, aumentava descompassadamente impostos e até dizimava aldeias inteiras chegavam aos ouvidos das nações vizinhas. É exatamente aqui que começa nossa história.

 

 

 

 

 

Esta foi somente uma prévia da obra literária. Em breve estarei postando aqui o restante. Obrigado por sua visita.